O último post felizmente trouxe um bom debate o que me fez perceber que faltava uma explicação melhor sobre os principais eventos que estão levando o setor ao colapso. É importe ressaltar que o transporte público deve ser entendido como um serviço oferecido a todos e é este o entendimento quanto a palavra “público” e não como se fosse algo meramente estatal.
Até 2012 o Sistema de Transporte Público apresentava uma situação positiva proveniente dos investimentos públicos em Infraestrutura proveniente os PACs (PAC Copa, PAC Grandes cidades, PAC Mobilidade…) e novos Marcos Legais provenientes das licitações que estavam ocorrendo.
Neste período o Sistema de Transporte Público conseguiu estabilizar a redução de demanda surgida no início do século XXI
Entretanto, em 2013, as revoltas contra os aumentos de tarifa provocaram o congelamento das mesmas o que levou o sistema a acender a luz amarela. E esta ação provocou uma reação rápida dos governantes: o congelamento das tarifas
Como reflexo as cidades cujo o sistema é financiado única e exclusivamente pela tarifa foram impactados negativamente por estas medidas, pois as receitas não acompanharam os custos provocando um grande desequilíbrio econômico-financeiro no setor
A crise oriunda dos congelamentos de tarifas em 2013 demostrou que o Sistema de Transporte Público não suportava mais ser financiado exclusivamente pela tarifa, como apresentado a seguir:
Em adição a crise estrutural, evidenciada em 2013, a partir de 2015 o Brasil mergulhou na maior crise da história
O que já estava enfraquecido com a crise dos congelamentos de tarifas ficou em situação mais grave com a crise econômica, pois como o transporte público é uma atividade meio, se as atividades fins (trabalho, escola, lazer…) sofrem uma queda, esta impacta diretamente no setor de transporte público.
Além da crise econômica e estrutural (crise das tarifas) o sistema ganhou um novo concorrente: os serviços de compartilhamento de viagens por meio de aplicativos, como por exemplo o UBER. E esta situação levantou uma importante questão para o setor: – Como o Sistema de Transporte Público com baixa flexibilidade pode concorrer com as novas tecnologias?
E por causa desta conjuntura de fatores é que o panorama atual pode ser comparado a uma tempestade perfeita.
“A expressão “tempestade perfeita” é um calque morfológico que se refere à situação na qual um evento, em geral não favorável, é drasticamente agravado pela ocorrência de uma rara combinação de circunstâncias, transformando-se em um desastre”.
E agora, diferente de 2013 a situação mudou e infelizmente foi para pior, agora temos:
Existe saída? A situação atual exige medidas drásticas e inovadoras. O Sistema de Transporte Público tem que se reinventar. Temos que buscar soluções em todos os campos de ação:
1 – Repensar as relações de trabalho: terceirização da atividade fim
2 – Buscar novas tecnologias e um novo relacionamento com o passageiro
3 – Buscar novas formas de financiamento do setor. A conta não deve ficar só com o passageiro pagante.
4 – A tarifa não pode ser ato de governo, ela deverá obedecer as regras do mercado, podendo ser variada por mês, tipo de dia, horário, tipo de linha,etc
5 – Extinção ou subvenção dos benefícios tarifários pelos entes que os concederam
E você leitor, qual seria o seu posicionamento frente ao colapso. E qual a sua sugestão?