Este texto possui a pretensão de abordar dois pontos importantíssimos que os eleitores deveriam observar na hora de escolher o candidato ao executivo e principalmente ao legislativo. Aqui vale ressaltar que um legislativo corrompido e amoral destrói todo um governo.
Então vamos começar a analisar sobre os coletivistas, eles acreditam que o indivíduo não tem importância, mas sim que ele faz parte de um determinado grupo/coletivo dividindo assim as pessoas em: sociedade, classe, gênero, trabalhador, empresário, pobre, rico, homem, mulher, não binário, branco, negro, polícia, não afortunados…
Entende que apesar dos indivíduos terem sua própria individualidade, o coletivo, o bem estar geral, o crescimento da nação, a proteção da sociedade, a proteção dos oprimidos… devem ser mais importantes que as necessidades individuais de cada pessoa que compõe estes coletivos. É daí que surgem, por exemplo, os conceitos de dívida histórica, apropriação cultural, opressores e oprimidos, entre tantos outros. Atualmente está é uma visão com grande número de adeptos aqui no Brasil sendo o fundamento que orienta o livro “A Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire, o patrono da educação do Brasil.
No coletivismo a disputa entra os grupos antagônicos acaba promovendo uma visão distorcida em relação a tolerância que vem do latim “tolerare”, significando “suportar” ou “aturar”. É a atitude de condescendência e civilidade para com quem pensa diferente, ainda que não concordando.
Porém, podemos perceber uma definição e aplicação distinta para “tolerância” que atualmente percebemos como intolerância contra movimentos individualistas e tolerância para com os coletivistas. Quanto ao escopo dessa tolerância e intolerância… ele se estenderia para o palco das ações, bem como para as discussões e propaganda. Ao falar em tolerância, os coletivistas abraçam a incoerência crassa de falar em tolerância negando o contraditório. Só há tolerância se é possível diferir. A imposição atual sobre todos é a obrigação de serem “politicamente corretos”.
No lugar do debate respeitoso, os coletivistas usam a tática intolerante de rotular quem discorda deles, como um “fascista”. Há uma variedade de rótulos que utilizam: nazista, sexista, machista, conservador, racista, opressor… exemplo: para quem discorda da prática homossexual, tendo como base a Bíblia Sagrada, ainda que respeitando as pessoas, é “homofóbico”.
Em contrapartida temos a visão do individualismo apresentado pela autora Ayn Rand que apresentava o egoísmo como uma virtude e deixando a visão social/ coletivista/ altruísmo forçado como verdadeiros desvios de caráter.
Miss Rand afirmava que a escolha da defesa da palavra egoísmo não era uma mera questão semântica, nem um problema de escolha arbitrária. O significado atribuído pelo uso popular à palavra “egoísmo” não está, simplesmente, errado: representa uma tergiversação intelectual devastadora que é responsável, mais do que qualquer outro fator, pelo restrito desenvolvimento moral da humanidade.
Porém, o significado exato e a definição do dicionário para a palavra “egoísmo” é: preocupação com nossos próprios interesses. Esse conceito não inclui avaliação moral; não nos diz se a preocupação com os nossos próprios interesses é boa ou má; nem nos diz o que constituem os interesses reais do homem. É tarefa da ética responder a tais questões.
A ética do altruísmo criou a imagem do brutamontes, como sua resposta, a fim de fazer os homens aceitarem dois princípios desumanos: (a) que qualquer preocupação com nossos próprios interesses é nociva, não importando o que estes interesses possam representar, e (b) que as atividades do brutamontes são, na verdade, a favor dos nossos próprios interesses (que o altruísmo impõe ao homem renunciar pelo bem de seus vizinhos).
Segundo Rand, existem dois questionamentos morais que o altruísmo/ coletivismo reúne dentro de um único “pacote”: O que são valores? Quem deve ser o beneficiário dos valores? O altruísmo substitui o primeiro pelo segundo; ele foge da tarefa de definir um código de valores morais, deixando o homem, assim, na verdade, sem diretriz moral. O altruísmo declara que qualquer ação praticada em benefício dos outros é boa, e qualquer ação praticada em nosso próprio benefício é má. Assim, o beneficiário de uma ação é o único critério de valor moral — e contanto que o beneficiário seja qualquer um, salvo nós mesmos, tudo passa a ser válido. Ou seja, eu como branco, cristão e heterossexual tem que me sentir envergonhado e passar a me preocupar mais com as mulheres, negras, ateias e LGBT+
Portanto, Rand afirma que dado ai fato da natureza não provê o homem com uma forma automática de sobrevivência, dado que ele tem de sustentar sua vida através de seu próprio esforço, a doutrina que diz que a preocupação com nossos próprios interesses é nociva significa, consequentemente, que o desejo de viver do homem é nocivo — que a vida do homem, como tal, é nociva. Nenhuma doutrina poderia ser mais nociva do que essa. Portanto, continua Rand, para rebelar-se contra um mal tão devastador, é preciso rebelar-se contra sua premissa básica. Para redimir ambos, o homem e a moralidade, é o conceito de “egoísmo” que se tem de redimir.
Sendo assim a ética objetivista de Ayn Rand sustenta que o indivíduo deve ser sempre o beneficiário de sua ação, e que o homem deve agir para seu próprio interesse racional. Mas seu direito de fazer tai coisa é derivado de sua natureza como homem e da função dos valores morais na vida humana — e, por conseguinte, é aplicável somente no contexto de um código de princípios morais racional, objetivamente demonstrado e validado, que defina e determine seu real interesse. Não é uma licença “para fazer o que lhe agrada”, e não é aplicável à imagem altruísta de um brutamontes “egoísta”, nem a qualquer homem motivado por emoções, sentimentos, impulsos, desejos ou caprichos irracionais.
Já Mises se esforça a distinguir o coletivismo do realismo conceitual ensinado pelos filósofos não é seu método de aplicação, mas as tendências políticas implícitas. O coletivismo transforma a doutrina epistemológica em uma pretensão ética. Ele diz às pessoas o que elas devem fazer. Não existe uma ideologia coletivista uniforme, mas várias doutrinas coletivistas. Cada uma delas enaltece uma entidade coletivista diferente e exige que todas as pessoas decentes se submetam a elas. Cada seita idolatra seu próprio ídolo e é intolerante com todos os ídolos rivais. Cada uma ordena a total subjeção do indivíduo; todas são totalitárias.
Mises afirma que o caráter particularista, das várias doutrinas coletivistas, poderia ser facilmente ignorado, pois elas normalmente utilizam como ponto de partida a oposição entre a sociedade em geral e os indivíduos. Nesse contraste, existe apenas um coletivo, o qual, abrange todos os indivíduos. Não é possível, portanto, surgir nenhuma rivalidade entre várias entidades coletivas. Porém, no curso detalhado da análise, um coletivo especial é imperceptivelmente substituído pela abrangente e única ‘sociedade’.
Sendo assim, temos segundo Mises, que os homens cooperam uns com os outros. A totalidade das relações inter-humanas criadas por tal cooperação chama-se sociedade. A sociedade não é uma entidade por si mesma. Ela não tem vida própria. A sociedade é uma expressão da ação humana. A sociedade não existe ou vive fora da conduta das pessoas. Ela é apenas uma orientação da ação humana. A sociedade não pensa e nem age. São os indivíduos que, ao pensarem e agirem, constituem um complexo de relações e fatos que são chamados de relações sociais e fatos sociais.
Ao contrastar sociedade e indivíduo, e ao negar a este qualquer realidade “verdadeira”, as doutrinas coletivistas veem o indivíduo meramente como um rebelde teimoso e insubmisso. Este infeliz pecador tem o atrevimento de dar preferência aos seus interesses egoístas e insignificantes em detrimento dos sublimes interesses de toda a grande deusa sociedade. É claro que o coletivista designa essa eminência somente para o ídolo social que ele considera justo e probo, e não para qualquer aspirante, afirma Mises.
Mises afirma também que a confusão entre os conceitos de sociedade e estado se originou com Hegel e Schelling. É costumeiro diferenciar duas escolas de hegelianos: a de esquerda e a de direita. A distinção refere-se apenas à postura desses autores em relação ao Reino da Prússia e à Igreja Evangélica da Prússia. O credo político de ambas as ideologias era essencialmente o mesmo. Ambas advogavam a onipotência do governo. Foi um hegeliano de esquerda, Ferdinand Lassalle, quem mais claramente expressou a tese fundamental do hegelianismo: “O Estado é Deus.” O próprio Hegel havia sido um pouco mais cauteloso. Ele declarou apenas que é “o percurso de Deus através do mundo que constitui o Estado” e que ao lidarmos com o estado devemos contemplar “a Ideia, o próprio Deus presente na terra.”
Os filósofos coletivistas, continua Mises, são incapazes de perceber que o que constitui o estado são as ações dos indivíduos. Os legisladores, aqueles que impõem obediência à lei pela força das armas, e aqueles que se submetem aos ditames das leis e da polícia constituem o estado por meio de seu comportamento. Apenas nesse sentido o estado pode ser considerado algo real. Não existe estado fora destas ações individuais dos homens.
Como cristão gostaria também de apresentar a ideia bíblica em relação ao coletivismo e ao individualismo. O ponto central deste debate é que a salvação é individual, uma vez que são as ações, os atos, as atitudes, o comportamento social ou político de cada um, que vai lhe garantir ocupar um espaço mais ou menos privilegiado no plano espiritual. Por mais perfeito que alguém possa se julgar, por mais santo que seja considerado, esses requisitos só servirão a ele próprio, não favorecendo a seus próximos como pai, mãe, esposa, esposo, filhos, grupo, comunidade na qual ele congrega.
Portanto, cada indivíduo, cada cristão deve se esforçar para, inicialmente, se auto transformar, extirpando de dentro de si o orgulho, a insensatez, a arrogância, o ódio, o ressentimento e especializar-se a amar, pois é na demonstração do amor ao próximo que demonstramos o nosso amor por Jesus e a Deus. Eis aí o grande desafio. Esse amor é muito pouco exercitado até mesmo por àqueles que dizem ter uma vida religiosa por vocação ou por tradição. O apóstolo João é enfático ao dizer: “Quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”. O próprio Jesus afirmara que todos os mandamentos se restringiam a apenas dois: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Por tanto uma atitude individual buscando uma melhoria na relação de intimidade com Espirito Santo de Deus.
Faz-se necessário que cada um que almeje busque a salvação no Nosso Senhor Jesus Cristo, primeiro se volte para dentro de si mesmo, eliminando os entraves humanos, as traves nos olhos a que Jesus tanto se reportava, se eximindo de julgar os outros porque com a mesma medida que se julgar também será julgado. A regra aparentemente é simples: cuide de sua própria vida e deixa a vida dos outros. Melhore-se para você mesmo para que o outro que vê a sua mudança possa seguir o seu exemplo. É o mesmo Jesus que diz que devemos ser luz. Essa mudança só é real se for percebida pelos outros..
Com base nas visões apresentadas podemos utilizar os aspectos apresentados por Hayek para utilizar como uma importante régua na escolha dos candidatos no pleito eleitoral de 2020:
Que promova a independência dos indivíduos – Vivemos em sociedade e isso é bom. Compartilhamos nossa existência com nossos semelhantes, desfrutamos daquilo que produzimos e do que os outros produzem. Certamente não desfrutaríamos do mesmo conforto, caso todos vivêssemos como ilhas isoladas em suas próprias existências. Portanto um bom candidato é aquele que recusa a criar relações em que nossa independência enquanto seres humanos é violada. Não se trata de recusar a sujeição mútua e voluntária para fins maiores, mas de recusar arranjos sociais abusivos e unilaterais, como por exemplo a obrigatoriedade em relação ao uso de máscaras, vacinas, vestimentas….
Que promova a autoconfiança das pessoas – Para empreender qualquer tarefa na vida é preciso ter autoconfiança. É o oposto do medo e da insegurança. Portanto o candidato deve ter o interesse de promover um arcabouço legal que não gere medo e desconfiança aqueles que queiram produzir.
Fortalecer a iniciativa individual – Fruto das ideias coletivistas que acabam criando em nós um senso de dependência, temos a tendência a desprezar os pequenos começos e, portanto, também a iniciativa individual. Ao longo dos anos fomos incutidos com a ideia de que para se atingir um objetivo grandioso é necessário um esforço conjunto. Somos prontos em afirmar que “uma andorinha não faz verão” e acabamos esquecendo que os esforços coletivos são frutos em sua maioria de iniciativas individuais. Um grão de arroz desequilibra a balança e a história tem mostrado como homens e mulheres tem modificado os rumos da humanidade com iniciativas individuais.
Responsabilidade local – Na infância sempre recorrermos aos nossos pais para pedir socorro em situações difíceis. Essa tendência natural e saudável nas crianças acaba por tomar rumos patológicos na fase adulta, quando ao invés de tomarmos as rédeas da nossa vida para resolver problemas individuais ou comunitários, escolhemos delegar para o governo/estado todo o poder e recursos para resolver os nossos problemas. Somos prontos a delegar a responsabilidade local, para os grupos/coletivos que muitas vezes não conhecem a realidade na qual está inserido o problema e cuja atuação muitas vezes pode ser mais maléfica do que benéfica.
Incentivar a atividade voluntária – Fomos ensinados que ninguém age desinteressadamente. Isso é verdade, pois todos nós reagimos aos incentivos, mas esquecemos do fato de que os incentivos não são apenas de ordem econômica. Fundações, Santas Casas, Asilos, Universidades e Caixas de Assistência foram iniciadas por meio de atividades voluntárias. Indivíduos e comunidades agem voluntariamente para solução de problemas. Ser liberal envolve em grande parte acreditar, incentivar e participar de inciativas voluntárias que visam emancipar as pessoas e dar soluções concretas para problemas reais, não precisa do estado para tomar atitude e sim facilitar que os indivíduos possam buscar soluções para os problemas do município.
Não interferência na vida das pessoas – Os políticos e governantes possuem a tendência natural a querer interferir na vida alheia. Existe um o desejo de controlar a vida e as ações dos outros. Muitas vezes vemos grupos/coletivistas incomodamos com atitudes e ideias que não os afetam, mas insistem em interferir em escolhas de terceiros, são os famosos cancelamentos. Um bom candidato envolve mais do que apenas proteger a liberdade, envolve também respeitar a esfera de soberania individual de cada ser humano, entendendo que todos são livres para agir desde que as ações não firam a liberdade de outros.
Ter tolerância aos que são diferentes –Ter empatia com o semelhante, não exige concordância, mas empatia é fundamental. É preciso reconhecer o direito do outro de existir. Atualmente temos assistido a diversas correntes coletivistas se digladiando na esfera pública, seja na briga pela formulação de políticas públicas ou pelo direito de serem ouvido e assimilado pelas massas. O candidato deve segmentar as praças públicas e entender que nunca nenhum grupo destruirá o outro. Existem cosmovisões que são impossíveis de serem sintetizadas e harmonizadas – não dá para misturar – mas é possível conviver e entender que todos sem exceção têm espaço.
Respeito pelos costumes e tradições –Somos frutos do passado. Desprezar as tradições implica necessariamente em correr o risco de repetir algo que já foi dito ou de cometer erros já cometidos. Não é preciso concordar com os costumes e tradições de uma sociedade ou de um grupo, é preciso compreendê-los, zelar por eles.
Desconfiança do poder e da autoridade humana – Por fim, é preciso desconfiar do poder e da autoridade. Não significa aceitar teorias conspiratórias, mas compreender que por detrás de todo poder ou autoridade constituído está um ser humano falível, com aspirações pessoais, racionalidade limitada e tendência natural a se corromper. Não é razoável entregar todo o planejamento e poder nas mãos de autoridades. É preciso descentralizar e fiscalizar sempre – não importa a situação. Então não seja um simples apoiador que acredita em tudo que seu candidato fez ou fará. A desconfiança trará um relacionamento saudável. Somos todos imperfeitos.
Por fim, se quisermos verdadeiramente promover uma mudança legítima no nosso município, sejamos verdadeiros com nossa visão, sabendo que o coletivismo pode ser tanto de direita quanto de esquerda. E que o segredo para o combate do materialismo consiste num exercício constante e holístico da Verdade, Honestidade de proposito e não na mera redundância simplista da esfera política brasileira.
“O homem veraz corresponde à sua situação metafísica de homem (…) Compreende a responsabilidade que todo o homem tem, como pessoa espiritual, em face da verdade, e que se traduz na necessidade de reproduzir a realidade nas suas declarações; compreende a solenidade inerente a qualquer afirmação, dado que nas suas afirmações o homem é chamado a dar testemunho da verdade.” (D. Von Hildebrand)
Então nestas eleições procurem votar em candidatos que defendam a melhoria da qualidade de vida das pessoas por meio da diminuição do controle estatal e considerando todos iguais sem diferenciação de gênero, credo, opção sexual, etnia…
Referências
A Virtude do Egoísmo, Ayn Rand, Publicado originalmente por Editora Ortiz S/A – acessado em: https://objetivismo.com.br/artigo/a-virtude-do-egoismo/
O dogma do coletivismo, Ludwig von Mises, artigo extraído do capítulo 11 do livro Theory and History – acessado em: https://mises.org.br/Article.aspx?id=867
A salvação é individual mas ninguém se salva sozinho, Valfredo Messias dos Santos, disponível em: http://aquiacontece.com.br/artigo/valfredo-messias-dos-santos/04/12/2011/a-salvacao-e-individual-mas-ninguem-se-salva-sozinho/187
Veganismo, Marxismo e Socialismo: Coletivismo e anticapitalismo, Julio Cesar Prava, disponível em: https://medium.com/veganismo-s/veganismo-marxismo-e-socialismo-5d5a77a16b2f
Os perigos do coletivismo, João Luiz Mauad, disponível em: https://www.institutomillenium.org.br/os-perigos-do-coletivismo/
Tolerância intolerante, Pastor Jessé, disponível em http://bjd.com.br/v2/colunistas/tolerancia-intolerante/
Opinião: Os perigos do coletivismo de direita, Leonardo Leite, disponível em https://falauniversidades.com.br/opiniao-os-perigos-do-coletivismo-de-direita/