Liberdade e Estado

O Brasil elegerá novamente um presidente de esquerda

Infelizmente a previsão que fiz em abril se demonstra coerente, haja visto o crescimento do Fernando Haddad nas últimas pesquisas. Tal situação pode ser facilmente apresentada pela fragmentação da direita (entre conservadores apoiadores do Bolsonaro e os liberais apoiadores do Amoêdo) somado ao preconceito com os conservadores (tachado pela esquerda como fascistas e nazistas) estão levndor o país a novamente eleger um presidente com ideologia voltada para esquerda, vale ressaltar que desde do governo FHC o Brasil vem aumentando o tamanho e a intervenção estatal.

Para clarificar ainda mais este posicionamento apresentarei uma breve lista dos principais candidatos e qual é a sua posição ideológica (dividida em: esquerda, centro esquerda, centro, centro direita, direita e liberal):

1 – Ciro Gomes (PDT) – Centro Esquerda: Pela terceira vez concorrendo ao posto mais alto do Executivo, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes vai representar o PDT na disputa presidencial. Ao anunciar a candidatura o pedetista adotou um discurso contra as desigualdades e propondo um “projeto de desenvolvimento” para o país.

“Não dá para falar sério em educação que emancipe, não dá para falar sério em segurança que proteja e restaure a paz da família brasileira sem ter compromisso sério para dizer de onde vem o dinheiro”, disse, no ato de lançamento da pré-candidatura.

2 – Jair Bolsonaro (PSL) – Direita: Deputado federal na sétima legislatura, Bolsonaro se filiou ao PSL em 2018. Considerado conservador e polêmico por suas bandeiras, Jair Bolsonaro defende a ampliação do acesso a armas e um Estado cristão, além de criticar modelos de família, segundo ele, “não tradicionais”, como casamento homossexual.

“Nós temos propósitos, projeto e tudo para começar a mudar o Brasil. Nós somos de direita, respeitamos a família brasileira. Está na Constituição que o casamento é entre homem e mulher e ponto final.  Esse pessoal é o atraso, uma comprovação de que eles não têm propostas e que a igualdade que eles pregam é na miséria”, afirmou, durante o ato de filiação ao PSL.

3 – Álvaro Dias (Podemos) – Centro: O senador Álvaro Dias será o candidato do Podemos. Eleito senador em 2014, pelo PSDB, Álvaro Dias migrou para o PV e, em julho do ano passado, buscou o Podemos, antigo PTN. Com a candidatura do senador, a legenda quer imprimir a bandeira da renovação da política e da participação direta do povo nas decisões do país por meio de plataformas digitais.

“Nós temos que rediscutir a representação parlamentar. Não somos senadores demais, deputados e vereadores demais? Está na hora de reduzirmos o tamanho do Legislativo no país, tornando-o mais enxuto, econômico, ágil e competente”, afirmou Dias, em entrevista concedida em abril no Congresso Nacional.

4 – Marina Silva (Rede) – Centro Esquerda: A ex-senadora Marina Silva vai disputar a Presidência pela terceira vez consecutiva. Fundadora e integrante da sigla Rede Sustentabilidade, Marina tem como plataforma a defesa da ética, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Ela é crítica do mecanismo da reeleição, que, segundo ela, se tornou um “atraso” no país.

“Sou candidata à Presidência para unir os brasileiros a favor do Brasil. Os governantes precisam fazer o que é melhor para o país e não o que é melhor para se perpetuar no poder. Chega de pensar apenas em interesses pessoais e partidários”, escreveu em seu perfil do Facebook quando do lançamento da candidatura.

5 – João Amoêdo (Novo) – Liberal: Com 55 anos, João Amoêdo é o candidato pelo partido Novo, que ajudou a fundar. Formado em engenharia e administração de empresas, fez carreira como executivo do mercado financeiro. Amoêdo foi um dos fundadores do Partido Novo, que teve seu registro homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015. A disputa presidencial em 2018 será a primeira experiência política dele. Entre as principais bandeiras de Amoêdo, assim como do Partido Novo, estão a maior autonomia e liberdade do indivíduo, a redução das áreas de atuação do Estado, a diminuição da carga tributária e a melhoria na qualidade dos serviços essenciais, como saúde, segurança e educação.

“É fácil acabar com a desigualdade, basta tornar todo mundo pobre. Ao combater a desigualdade você não está preocupado em criar riqueza e crescer, você só está preocupado em tornar todo mundo igual. O importante é acabar com a pobreza e concentrar na educação básica de qualidade para todos”, diz o candidato em sua página oficial na internet.

6 – Geraldo Alckmin (PSDB) – Centro Esquerda: Na entrevista coletiva em que anunciou a pré-candidatura, Alckmin afirmou que irá destravar a economia e colocou como prioridades a desburocratização, uma reforma tributária, retomar a agenda da reforma da Previdência e reduzir os juros. Alckmin começou a carreira como vereador em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Foi prefeito da cidade, deputado estadual e deputado federal na Assembleia Nacional Constituinte. Em 1994, foi eleito vice-governador na chapa com Mário Covas. Em 1998, foi reeleito juntamente com Covas. Com a morte deste, assumiu o governo em 2001 e foi reeleito em 2002. Ele é governador de São Paulo e já esteve na corrida presidencial contra Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, quando foi derrotado pelo ex-presidente no 2º turno. Após a disputa presidencial, Alckmin foi secretário estadual em 2009 e conquistou a cadeira de governador de São Paulo mais duas vezes, em 2010 e em 2014.

7 – Fernando Haddad (PT) – Centro Esquerda: Após ganhar as últimas quatro eleições, o PT está em definição. O ex-presidente e presidiário Luiz Inácio Lula da Silva foi lançado como pré-candidato do partido, porém como foi condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro teve a candidatura negada pelo TSE. Ele foi substituído pelo ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad

8 – Henrique Meirelles (MDB) – Centro: O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acertou sua filiação ao M/DB e a saída da pasta para se dedicar à campanha eleitoral.

Como pode ser percebido que a maioria dos candidatos possuem alinhamento com a ideologia de esquerda e que desde as eleições de 2014 e, principalmente, a partir de 2015, o processo político da crise brasileira produziu, entre outros resultados, a polarização política entre direita e esquerda, acionada, sobretudo, pela primeira, e a guinada à direita na relação de forças. Dois tipos de direita emergiram: o tucanato (que só é direita no pensamento petistas) e os nacionais conservadores liderados pelo deputado Jair Bolsonaro.

A fragmentação das candidaturas de centro e de direita é fruto da ausência de uma liderança capaz de articular politicamente os grupos favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, déficit explicável também pela crise dos partidos políticos no Brasil. O que favorece a eleição da esquerda que possui partidos estruturados e líderes reconhecidos.

“Hoje, só o Lula é quem aglutina, com cerca de 35% do eleitorado. Claro que, no segundo turno, é outra disputa, mas no primeiro ele leva fácil, aparentemente”, diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).

Segundo pesquisa IBOPE publicada no dia 18.set.2018 o resultado da mais recente pesquisa de intenção de voto na eleição presidencial. A pesquisa ouviu 2.506 eleitores entre domingo (16) e terça-feira (18). O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem a realidade, considerando a margem de erro, que é de 2 pontos, para mais ou para menos. Os resultados foram os seguintes:

  1. Jair Bolsonaro (PSL): 28%
  2. Fernando Haddad (PT): 19%
  3. Ciro Gomes (PDT): 11%
  4. Geraldo Alckmin (PSDB): 7%
  5. Marina Silva (Rede): 6%
  6. Alvaro Dias (Podemos): 2%
  7. João Amoêdo (Novo): 2%
  8. Henrique Meirelles (MDB): 2%
  9. Outros: 1%
  10. Branco/nulos: 14%
  11. Não sabe/não respondeu: 7%

Sendo assim podemos aglutinar os votos válidos (excluindo branco/nulos e não sebe/não respondeu) da seguinte forma:

  1. Esquerda e Centro esquerda (Haddad, Ciro, Alckimin e Marina): 55%
  2. Centro, Direita e Liberal (Bolsonaro, Alvaro Dias, Amoêdo, Meirelles e outros): 45%

Fica claro, portanto, que a preferência do eleitorado brasileiro ainda se concentra nos candidatos que defendem o estado grande e intervencionista. A prova disto, segundo Bruno Garschagen, é o fato do deputado Jair Bolsonaro, estar sendo muito cobrado sobre suas posições econômicas, e o mesmo anunciou que, se ele vencer a eleição, seu ministro da Fazenda poderá ser o economista Paulo Guedes, que tem uma longa história em defesa das ideias liberais.

Pelo cenário atual os eleitores do PSDB e do voto útil na Marina serão em outubro os principais players desta eleição pois serão eles o pêndulo na balança entre a vitória da Esquerda ou Direita. Para Bolsonaro continuar tendo a chance real para vencer, ele tem que adotar cada vez mais um posicionamento mais próximo do presidente Trump (olhar para o brasileiro médio e se consolidar como o agente capaz de mudar o país) do que do posicionamento da candidata a presidência da França Marine Le Pen (nacionalista e sem identificação com os problemas reais dos franceses) que tendo liderado as pesquisas de opinião de votos para o primeiro turno por boa parte da campanha, tenha terminado o primeiro turno em segundo lugar. Subsequentemente, acabou sendo derrotada pelo candidato centrista Emmanuel Macron no segundo turno.