A fragmentação da direita somado ao preconceito com os liberais devem levar o país a novamente eleger um presidente com ideologia voltada para esquerda, desde do governo FHC o Brasil vem aumentando o tamanho e a intervenção estatal. E faltando menos de seis meses para a eleição presidencial deste ano, vários partidos já anunciaram oficialmente seus pré-candidatos. Outras legendas devem consolidar os nomes que concorrerão ao pleito nas próximas semanas. Vale ressaltar que de acordo com a legislação eleitoral, os partidos políticos devem oficializar as candidaturas em convenções nacionais com seus filiados entre 20 de julho e 5 de agosto.
A seguir apresentarei uma breve lista dos atuais pré-candidatos e qual é a sua posição ideológica (dividida em: esquerda, centro esquerda, centro, centro direita, direita e liberal):
1 – Flavio Rocha (PRB) – Liberal: O diretor vice-presidente da Guararapes Confecções (Riachuelo), Flávio Rocha, deixou o cargo na companhia para poder concorrer à presidência da república. Após conversar com pelo menos seis siglas, o empresário decidiu pelo PRB. Casado e pai de quatro filhos, atualmente exerce a função de CEO do Grupo Guararapes, que integra a Rede de Lojas Riachuelo, Confecções Guararapes, Midway Financeira, Transportadora Casa Verde e Shopping Midway Mall. O conglomerado é um dos 15 maiores empregadores do país, com 40 mil colaboradores. Além da atuação à frente do Grupo Guararapes, Flávio Rocha foi um dos fundadores do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo). Presidiu a instituição durante quase uma década. Ele integra a lista dos 500 mais influentes da indústria da moda, de acordo com a revista Business of Fashion (BoF). Além disso, participa dos conselhos da Fiesp, IEDI e órgãos setoriais ligados à indústria e ao varejo. Ele também é um dos fundadores do movimento Brasil 200 anos, que é apartidário e cujo manifesto propõe uma mobilização da sociedade para que a classe política conheça as demandas da população e se comprometa com elas no próximo mandato.
2 – Rodrigo Maia (DEM) – Centro Direita: Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ) teve sua pré-candidatura lançada em 8 de março pelo DEM. Maia tem buscado ser uma alternativa de centro e, em suas próprias palavras, “sem radicalismos”. Ele assumiu o comando da Câmara após a queda de Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato, e ganhou mais protagonismo político pelo cargo que ocupa, já que é o responsável por definir a pauta de projetos importantes, como a reforma da Previdência. Segundo ele, a pauta da Câmara não será prejudicada devido à sua candidatura ao Planalto. “A gente tem responsabilidade com o Brasil, já deu demonstrações disso. O projeto político do DEM é legítimo e é feito em outro momento e local, não tem problema nenhum disso”, afirmou.
3 – Ciro Gomes (PDT) – Centro Esquerda: Pela terceira vez concorrendo ao posto mais alto do Executivo, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes vai representar o PDT na disputa presidencial. Ao anunciar o seu nome como pré-candidato na última quinta-feira (8), o pedetista adotou um discurso contra as desigualdades e propondo um “projeto de desenvolvimento” para o país. “Não dá para falar sério em educação que emancipe, não dá para falar sério em segurança que proteja e restaure a paz da família brasileira sem ter compromisso sério para dizer de onde vem o dinheiro”, disse, no ato de lançamento da pré-candidatura.
4 – Jair Bolsonaro (PSL) – Direita: Deputado federal na sétima legislatura, Bolsonaro se filiou ao PSL na última quarta-feira (7). Considerado polêmico por suas bandeiras, Jair Bolsonaro defende a ampliação do acesso a armas e um Estado cristão, além de criticar modelos de família, segundo ele, “não tradicionais”, como casamento homossexual. “Nós temos propósitos, projeto e tudo para começar a mudar o Brasil. Nós somos de direita, respeitamos a família brasileira. Está na Constituição que o casamento é entre homem e mulher e ponto final. Esse pessoal é o atraso, uma comprovação de que eles não têm propostas e que a igualdade que eles pregam é na miséria”, afirmou, durante o ato de filiação ao PSL. De acordo com o partido, ainda não há uma data de lançamento oficial da pré-candidatura.
5 – Álvaro Dias (Podemos) – Centro: O senador Álvaro Dias será o candidato do Podemos. Eleito senador em 2014, pelo PSDB, Álvaro Dias migrou para o PV e, em julho do ano passado, buscou o Podemos, antigo PTN. Com a candidatura do senador, a legenda quer imprimir a bandeira da renovação da política e da participação direta do povo nas decisões do país por meio de plataformas digitais. “Nós temos que rediscutir a representação parlamentar. Não somos senadores demais, deputados e vereadores demais? Está na hora de reduzirmos o tamanho do Legislativo no país, tornando-o mais enxuto, econômico, ágil e competente”, afirmou Dias, em entrevista concedida esta semana no Congresso Nacional.
6 – Marina Silva (Rede) – Centro Esquerda: A ex-senadora Marina Silva vai disputar a Presidência pela terceira vez consecutiva. Integrante da sigla Rede Sustentabilidade, Marina tem como plataforma a defesa da ética, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Ela é crítica do mecanismo da reeleição, que, segundo ela, se tornou um “atraso” no país. “Sou pré-candidata à Presidência para unir os brasileiros a favor do Brasil. Os governantes precisam fazer o que é melhor para o país e não o que é melhor para se perpetuar no poder. Chega de pensar apenas em interesses pessoais e partidários”, escreveu recentemente em seu perfil do Facebook.
7 – Manuela D’Ávila (PCdoB) – Esquerda: A deputada estadual do Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, será a candidata pelo PCdoB. A ex-deputada federal, por dois mandatos, teve a pré-candidatura lançada pelo partido comunista em novembro do ano passado. Esta é a primeira vez que o PCdoB lançará candidato próprio desde a redemocratização de 1988. Um dos motes da campanha será o combate à crise e à “ruptura democrática” que, segundo a legenda, o país vive. “Trata-se de uma pré-candidatura que tem como algumas de suas linhas programáticas mais gerais a retomada do crescimento econômico e da industrialização; a defesa e ampliação dos direitos do povo, tão atacados pelo atual governo; a reforma do Estado, de forma a torná-lo mais democrático e capaz de induzir o desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho”, escreveu a presidente nacional do partido, Luciana Santos, ao lançar a candidatura de Manuela D’Ávila.
8 – Guilherme Boulos (PSOL) – Esquerda: Repetindo a estratégia das últimas eleições, de apresentar uma opção mais à esquerda que os demais partidos, o PSOL participará com candidato próprio à corrida presidencial, que em 2010 e 2014 teve os nomes de Plínio de Arruda Sampaio e Luciana Genro na disputa. Segundo Boulos, que é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), é preciso levar a indignação dos cidadãos para dentro da política. “A capacidade de conjugar unidade na luta, na resistência e na defesa dos direitos com a ousadia de construir um projeto de futuro foi o que aproximou e uniu o MTST com o PSOL, bem como outros movimentos sociais, na construção dessa aliança”, disse ao se filiar ao PSOL.
9 -João Amoêdo (Novo) – Liberal: Com 55 anos, João Amoêdo é o candidato pelo partido Novo, que ajudou a fundar. Formado em engenharia e administração de empresas, fez carreira como executivo do mercado financeiro. Amoêdo foi um dos fundadores do Partido Novo, que teve seu registro homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015. A disputa presidencial em 2018 será a primeira experiência política dele. Entre as principais bandeiras de Amoêdo, assim como do Partido Novo, estão a maior autonomia e liberdade do indivíduo, a redução das áreas de atuação do Estado, a diminuição da carga tributária e a melhoria na qualidade dos serviços essenciais, como saúde, segurança e educação. “É fácil acabar com a desigualdade, basta tornar todo mundo pobre. Ao combater a desigualdade você não está preocupado em criar riqueza e crescer, você só está preocupado em tornar todo mundo igual. O importante é acabar com a pobreza e concentrar na educação básica de qualidade para todos”, diz o candidato em sua página oficial na internet.
10 – Geraldo Alckmin (PSDB) – Centro Esquerda: O PSDB confirmou a pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República. Na entrevista coletiva em que anunciou a pré-candidatura, Alckmin afirmou que irá destravar a economia e colocou como prioridades a desburocratização, uma reforma tributária, retomar a agenda da reforma da Previdência e reduzir os juros. Alckmin começou a carreira como vereador em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Foi prefeito da cidade, deputado estadual e deputado federal na Assembleia Nacional Constituinte. Em 1994, foi eleito vice-governador na chapa com Mário Covas. Em 1998, foi reeleito juntamente com Covas. Com a morte deste, assumiu o governo em 2001 e foi reeleito em 2002. Ele é governador de São Paulo e já esteve na corrida presidencial contra Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, quando foi derrotado pelo ex-presidente no 2º turno. Após a disputa presidencial, Alckmin foi secretário estadual em 2009 e conquistou a cadeira de governador de São Paulo mais duas vezes, em 2010 e em 2014.
11 – Lula (PT) – Centro Esquerda: Após ganhar as últimas quatro eleições, o PT está em definição. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi lançado como pré-candidato do partido, porém como foi condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o partido e Lula aguardam o julgamento dos últimos recursos. No entanto, como os recursos não podem mudar a condenação, a expectativa é que Lula recorra ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em busca de uma autorização para se candidatar, já que a Lei da Ficha Limpa prevê a impugnação das candidaturas de políticos condenados em segunda instância. Outros nomes cotados dentro do partido são o do ex-governador da Bahia Jaques Wagner e o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
12 – Fernando Collor (PTC) – Centro: O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) anunciou nesta sexta-feira, 19, que pretende se candidatar novamente à Presidência da República nas eleições gerais deste ano. “Digo a vocês que esse é um dos momentos mais importantes da minha vida pessoal. Hoje, a minha decisão está tomada: sou, sim, pré-candidato à Presidência da República”, afirmou o senador alagoano, que participou de um evento na cidade de Arapiraca, no interior do Estado, com a prefeita, Célia Rocha (PTB).
13 – Michel Temer/ Henrique Meirelles (MDB) – Centro: O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acertou sua filiação ao MDB e a saída da pasta para se dedicar à campanha eleitoral. Meirelles vinha negociando uma filiação ao MDB há várias semanas, desde que ficou claro que seu partido, o PSD, lhe negaria a legenda para ser candidato à Presidência. O ex-ministro, no entanto, recebeu um prazo para tentar viabilizar sua candidatura, já que o presidente, ao contrário dos demais candidatos que precisam deixar seus cargos públicos, pode deixar para decidir sua candidatura até julho. Se conseguir intenções de voto melhores que as do presidente, Meirelles pode ser o candidato do partido.
14 – Joaquim Barbosa (sem partido) – Centro Esquerda: Após meses de idas e vindas sobre lançar um candidato próprio para a disputa presidencial, o PSB aposta na filiação de Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para ter um nome na corrida pelo Palácio do Planalto. Para concorrer, o jurista precisa se filiar à legenda até o próximo sábado, 7 de abril. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, e outros nomes da sigla têm conversado com Barbosa e a expectativa é positiva, de acordo com o vice-presidente da legenda, Beto Albuquerque. “Seguimos aguardando por ele. Precisamos tê-lo conosco”, afirmou ao HuffPost Brasil. O magistrado registrou 5% das intenções de voto no melhor cenário, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada em janeiro.
Como pode ser percebido que a maioria dos candidatos possuem alinhamento com a ideologia de esquerda e que desde as eleições de 2014 e, principalmente, a partir de 2015, o processo político da crise brasileira produziu, entre outros resultados, a polarização política entre direita e esquerda, acionada, sobretudo, pela primeira, e a guinada à direita na relação de forças. Dois tipos de direita emergiram: o tucanato (que só é direita no pensamento petistas) e os nacionais conservadores liderados pelo deputado Jair Bolsonaro.
A fragmentação das candidaturas de centro e de direita é fruto da ausência de uma liderança capaz de articular politicamente os grupos favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, déficit explicável também pela crise dos partidos políticos no Brasil. O que favorece a eleição da esquerda que possui partidos estruturados e líderes reconhecidos.
“Hoje, só o Lula é quem aglutina, com cerca de 35% do eleitorado. Claro que, no segundo turno, é outra disputa, mas no primeiro ele leva fácil, aparentemente”, diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte ( CNT ), no cenário em que aparece como candidato, Lula (PT) liderava com 33,4% das intenções de voto, seguido pelo deputado Jair Bolsonaro (PSL) 16,8% , Marina Silva (Rede), com 7,8% e Geraldo Alckmin com 6,4%
Mas mesmo aparecendo em 4º nas pesquisas, com a saída de Lula na disputa, muito provavelmente o candidato do consenso parece ser do ex-governador Alckmin. Uma vez que, tendo como base a seguinte fala do prefeito de Ribeirão Preto, o tucano Duarte Nogueira:
“Eleitores que votaram no PSDB nas últimas eleições estão declarando voto no Bolsonaro. Isso está acontecendo no nosso círculo de amigos, pessoas que sempre votaram no PSDB e agora estão dizendo que vão de Bolsonaro. Acredito que esse é um quadro facilmente reversível quando a campanha começar e ficarem evidente as fragilidades da candidatura do adversário”, disse ao jornal.
Isto deve acontecer pelo fato do tucano ter todo um aparato que passa confiança aos eleitores, algo que até o presente momento não foi transmitido por Bolsonaro.
Já em relação aos candidatos ditos liberais (Flávio Rocha e João Amoêdo) é pouco provável que, na próxima eleição, os liberais possam obter um resultado vigoroso, considerando o tempo curto decorrido desde o início deste processo, mas o debate político hoje já é diferente. O ambiente de ideias já mudou. Para o cientista político Bruno Garschagen atualmente exite uma pressão sobre os potenciais candidatos à presidência para se posicionar a favor ou contra a liberdade de mercado, as liberdades individuais, em relação a valores e ética. Se compararmos com o que aconteceu nas eleições anteriores, nas quais havia a disputa entre os dois projetos de esquerda, o PT e o PSDB, com gradações distintas de intervencionismo, essa eleição já vai representar, em termos de ideias, uma mudança muito grande. Essa é uma novidade muito saudável.
A prova disto, segundo Garschagen, é o fato do deputado Jair Bolsonaro, estar sendo muito cobrado sobre suas posições econômicas, e o mesmo anunciou que, se ele vencer a eleição, seu ministro da Fazenda poderá ser o economista Paulo Guedes, que tem uma longa história em defesa das ideias liberais. Numa outra frente, há o Partido Novo, que recebeu recentemente a adesão do economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, que era quem defendia o liberalismo econômico no governo FHC.
Sendo assim, pelo cenário atual, fica claro que a esquerda liderada pelo PT e PSDB serão em outubro os principais players desta eleição e tendo como coadjuvantes os também esquerdistas PDT (Ciro Gomes) e Rede (Marina Silva). Eu realmente não acredito que o deputado Jair Bolsonaro irá sobreviver ao período de campanha eleitoral, pois num cenário sem Lula o pré-candidato do PSL deixa de ser pedra e vira vidraça.
Referências
A crise da direita e a eleição presidencial http://m.jb.com.br/marcus-ianoni/noticias/2018/01/16/a-crise-da-direita-e-a-eleicao-presidencial/
Novos candidatos têm desafio de aglutinar tendências, diz cientista política http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/03/novos-candidatos-tem-desafio-de-aglutinar-tendencias-diz-cientista-politica
Nova direita avança no Brasil e vai disputar eleições de 2018 http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/03/19/interna_politica,667129/nova-direita-avanca-no-brasil-e-vai-disputar-eleicoes-de-2018.shtml
Eleição será ‘moderada’ e ‘mais do mesmo’, diz cientista político http://braziljournal.com/eleicao-sera-moderada-e-mais-do-mesmo-diz-cientista-politico
Mercado quer um candidato de direita, não de centro, diz dono da Riachuelo… – Veja mais em https://eleicoes.uol.com.br/2018/noticias/agencia-estado/2018/02/21/mercado-quer-um-candidato-de-direita-nao-de-centro-diz-dono-da-riachuelo.htm?cmpid=copiaecola
Em que Lula e FHC concordam sobre a eleição de 2018 Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/05/Em-que-Lula-e-FHC-concordam-sobre-a-elei%C3%A7%C3%A3o-de-2018
Contra Lula e Bolsonaro, a velha direita tenta se manter como centro https://www.cartacapital.com.br/revista/986/em-apuros-e-piadista
Perda de votos do PSDB para Bolsonaro é “facilmente reversível” https://www.oantagonista.com/brasil/perda-de-votos-psdb-para-bolsonaro-e-facilmente-reversivel/
‘Em 2018, é pouco provável que a direita obtenha um resultado vigoroso’, diz cientista político http://politica.estadao.com.br/blogs/blog-do-fucs/em-2018-e-pouco-provavel-que-a-direita-obtenha-um-resultado-vigoroso-diz-cientista-politico/