Liberdade e Estado

O risco de Joaquim Barbosa presidente do Brasil

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa vem admitindo que tem conversado com partidos, em especial o PSB, sobre uma possível candidatura à Presidência da República em 2018. De acordo com ex-presidente do STF, a sondagem vem não só de partidos, mas de movimentos diversos e até de pessoas na rua.

Sobre a possibilidade, não descartou: “Eu, pessoalmente, não me decidi”. Em entrevista concedida ao CBN Noite Total, na rádio CBN, o ex-ministro criticou a movimentação das principais legendas para as eleições, ainda que envolvidas em denúncias de corrupção.

“A eleição do ano que vem vai ser muito parecida com a eleição de 1989, a primeira eleição após o ciclo militar. […] Eu não sei como essas lideranças de PMDB, PSDB e PT ainda terão coragem de apresentar à nação candidatos à eleição. Eu acredito que haverá um repúdio enorme aos candidatos desses três maiores partidos”, ressaltou.

Joaquim Babosa também ressaltou que, ”a pulverização de candidatos, o esfacelamento do Estado, a degradação moral e a perda de credibilidade dos partidos e das lideranças dos três maiores partidos políticos brasileiros” justificam sua crítica às legendas. “Que as instituições brasileiras estão em frangalhos, eu não preciso reafirmar. Qualquer pessoa minimamente informada e com capacidade de análise percebe isso”, disse.

Entretanto, nome do ex-ministro do STF vem tendo resistência de parte do PSB (principalmente dos paulistas), que defende o apoio ao candidato do PSDB o governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Pois a renúncia de Alckmin para efeito de desincompatibilização favorecerá a ascensão ao governo paulista do vice Márcio França, que é filiado ao PSB.  Este ruído seria um dos fatores que vem emperrando a filiação de Barbosa.

Já a parte do PSB contrária à aliança com os tucanos se organizam para viabilizar a filiação e candidatura do ex-ministro Joaquim Barbosa pelo partido. Capitaneado pelo líder da legenda na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG), o grupo prepara uma série de manifestos e notas de diretórios estaduais e da bancada no Congresso Nacional em apoio à candidatura do ex-ministro.

O líder do PSB acredita que Barbosa pode mudar o quadro eleitoral. “A gente tem sentido nas ruas uma descrença com a classe política mas ela se desfaz com a entrada de uma pessoa decente que, apesar de não ser da política, tem uma vida pública reconhecida”, disse.

Barbosa também pode ganhar o apoio do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, um dos mais bem avaliados políticos e governantes do PSB, mesmo sendo defensor da candidatura do ex-presidente Lula. Expoentes da cúpula nacional socialista acreditam, porém, que podem vir a sensibilizar o gestor paraibano a apoiar a candidatura própria do ex-ministro Joaquim Barbosa, uma vez que, a candidatura de Barbosa está sendo articulada por uma ala do PSB opositora à facção que defende o apoio do PSB à pré-candidatura de Geraldo Alckmin, do PSDB.

O governador Ricardo Coutinho manteve, por um tempo, aliança com o senador Cássio Cunha Lima, principal figura do PSDB no Estado e vice-presidente do Senado Federal. Em 2010, Ricardo venceu a disputa ao governo contra José Maranhão (MDB) contando com o apoio de Cássio Cunha Lima. As divergências, entretanto, logo se acentuaram e em 2014 Ricardo concorreu à reeleição enfrentando o senador Cássio Cunha Lima, que foi derrotado no segundo turno. Então afastar o PSB do PSDB seria uma importante estratégia para manutenção do poder na Paraíba.

Vale lembrar que o primeiro manifesto em apoio ao ex-ministro foi lançado no final de janeiro/18 pelo diretório do PSB mineiro. “A Executiva Estadual do PSB de Minas Gerais reconhece que a filiação de Joaquim Barbosa reforça os quadros do campo progressista. É homem público, capacitado, competente e dará grandes contribuições para as discussões temáticas nacionais”, diz a nota.

Mas qual seria o posicionamento do ex-presidente do STF? Será que ele tem a capacidade de agregar novos valores a política nacional? Em uma entrevista na Globo News Barbosa foi perguntado sobre “o partido político que representa mais o seu pensamento”, ele resumiu ser “um homem seguramente de inclinação social democrata à europeia”, ou seja, o mesmo perfil que vem governando o país desde 1994.

Barbosa também se fez de vítima ao contar que sempre foi discriminado em todos os trabalhos, do momento em que começou a galgar escalões. E foi explícito: “o Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil. Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou hoje. Todos”.

Em outro momento Barbosa disse também que não tem dinheiro ou alguém disposto a arcar com os custos de uma campanha, além de lançar um questionamento, no qual demonstra que ele, se for candidato, se colocará no papel de vítima:

“será que o Brasil está preparado para ter um presidente negro?”.

Ao que tudo indica, Barbosa ignorou que o Brasil já teve um presidente negro. Nascido na periferia de Campos de Goytacazes, Nilo Peçanha. Formado em direito, atuou como jornalista e ferrenho defensor do abolicionismo. Com o fim da monarquia, participou da Assembleia Nacional Constituinte em 1890, cumpriria dois mandatos como deputado estadual, entre 1891 e 1903, até se tornar presidente do Estado do Rio de Janeiro. Três anos depois, foi eleito vice-presidente do Brasil na chapa de Afonso Pena, e em 1909 chegaria à Presidência após a morte do titular. Por 17 meses, comandou o país sob o lema “paz e amor”

Estes posicionamentos pequenos e nada diferente da atual política tupiniquim somado ao fato da renuncia ao STF, que foi justificado pelas ameaças que Barbosa afirmava estar sofrendo, especialmente por causa de sua atuação à frente do julgamento do mensalão do PT. Demonstram que ele seria mais um aventureiro mal preparado que se imagina um salvador da pátria e que significaria sim mais um retrocesso para o nosso país.

 

Referências

Joaquim Barbosa não descarta Presidência em 2018 e vê repúdio às maiores siglas nas eleições: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/joaquim-barbosa-nao-descarta-disputar-presidencia-em-2018-e-ve-repudio-as-maiores-siglas-nas-eleicoes/

Ala do PSB prepara ofensiva para viabilizar Joaquim Barbosa à Presidência da República http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ala-do-psb-prepara-ofensiva-para-viabilizar-joaquim-barbosa-a-presidencia-da-republica,70002170248

Joaquim Barbosa diz que o Brasil não está preparado para ter um presidente negro https://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/100627017/joaquim-barbosa-diz-que-o-brasil-nao-esta-preparado-para-ter-um-presidente-negro

PSB tenta convencer Joaquim Barbosa a ser candidato a presidente http://www.paraibadebate.com.br/psb-tenta-convencer-joaquim-barbosa-a-ser-candidato-a-presidente/

Para FHC, candidatura de Joaquim Barbosa seria “aventura” https://jornalggn.com.br/noticia/para-fhc-candidatura-de-joaquim-barbosa-seria-aventura

Joaquim Barbosa e Aldo Rebelo podem se enfrentar em prévias do PSB http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/11/16/joaquim-barbosa-e-aldo-rebelo-podem-se-enfrentar-em-previas-do-psb/

Candidatura de Joaquim Barbosa a presidente pode sensibilizar Coutinho https://osguedes.com.br/candidatura-de-joaquim-barbosa-a-presidente-pode-sensibilizar-coutinho/

Brasil está pronto para um presidente negro?, diz Joaquim Barbosa https://catracalivre.com.br/geral/politica/indicacao/brasil-esta-pronto-para-um-presidente-negro-diz-joaquim-barbosa/

Pelo visto, Joaquim Barbosa ignorou que o Brasil já teve um presidente negro: Nilo Peçanha https://www.politicas.info/marlosapyus/acervo/pelo-visto-joaquim-barbosa-ignorou-que-o-brasil-ja-teve-um-presidente-negro-nilo-pecanha/

Ameaças levaram Barbosa a antecipar aposentadoria https://oglobo.globo.com/brasil/ameacas-levaram-barbosa-antecipar-aposentadoria-12656888#ixzz59B0DGbtu