Liberdade e Estado

2018 será o ano dos liberais?

No sábado dia 2/dezembro/17 foi publicada mais uma pesquisa do Instituto Datafolha pelo jornal “Folha de S.Paulo” com índices de intenção de voto para o primeiro turno da eleição presidencial de 2018. Foram feitos nove cenários, mas para ilustrar este artigo iremos nos basear somente no primeiro: Cenário 1 (com Marina, Joaquim Barbosa, Temer e Meirelles):

  1. Lula (PT): 34%
  2. Jair Bolsonaro (PSC): 17%
  3. Marina Silva (Rede): 9%
  4. Geraldo Alckmin (PSDB): 6%
  5. Ciro Gomes (PDT): 6%
  6. Joaquim Barbosa (sem partido): 5%
  7. Alvaro Dias (Podemos): 3%
  8. Manuela D´Ávila (PCdoB): 1%
  9. Michel Temer (PMDB): 1%
  10. Henrique Meirelles (PSD): 1%
  11. Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
  12. Em branco/nulo/nenhum: 12%
  13. Não sabe: 2%

Apesar da liderança do ex-presidente Lula, algo normal pois ele continua sendo o mais conhecido e, portanto, o mais lembrado, podemos observar que não faltam pré-candidatos de direita para a eleição a presidente de 2018.

Por enquanto, sem as dicas dos marqueteiros eleitorais, todos os “direitistas” discursam em favor da iniciativa privada e de um estado menor e mais eficiente, algo próximo ao liberalismo econômico. Mas fica evidente que a direita brasileira não é uma só, pois como comparar Bolsonario, Alckmin e Henrique Meirelles. Sendo assim são várias as correntes, entretanto ainda carece de um representante genuinamente liberal.

Mas antes de continuar a discussão acho válido apresentar os conceitos com os quais estou trabalhando e analisando o cenário atual.

As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias francesas do século 18. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população mais pobre, diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799).

Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as camadas mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado aos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite.

Dentro dessa visão, ser de esquerda presumiria lutar pelos direitos dos trabalhadores e da população mais pobre, a promoção do bem-estar coletivo e da participação popular dos movimentos sociais e minorias. Já a direita representaria uma visão mais conservadora, ligada a um comportamento tradicional, que busca manter o poder da elite e promover o bem-estar individual.

Já o liberalismo é uma doutrina que se baseia na defesa das iniciativas individuais e que procura limitar a intervenção do Estado na vida econômica, social e cultural. Historicamente, o liberalismo jamais encontrou terreno fértil entre os brasileiros, que sempre buscamos no Estado um arrimo para necessidades e anseios. O cientista político Bolívar Lamounier considera que o patrimonialismo de origem ibérica, muito arraigado no Brasil, mas também o nacional-desenvolvimentismo que vicejou após a Segunda Guerra, militaram em desfavor das correntes liberais no país, resultando no que ele chama de “endeusamento do Estado”.

E o conservadorismo é um pensamento político que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais – como a família, a comunidade local e a religião -, além dos usos, costumes, tradições e convenções. O conservadorismo enfatiza a continuidade e a estabilidade das instituições, opondo-se a qualquer tipo de movimentos revolucionários e de políticas progressistas. Mas é importante entender que o conservadorismo não é um conjunto de ideias políticas definidas, pois os valores conservadores variam enormemente de acordo com os lugares e com o tempo. Por exemplo, conservadores chineses, indianos, russos, africanos, latino-americanos e europeus podem defender conjuntos de ideias e valores bastante diferentes, mas que estão sempre de acordo as tradições de suas respectivas sociedades.

Feito esta breve conceptualização, é possível afirmar que o Brasil esteja experimentando uma “redescoberta” das ideias liberais que avança no vácuo deixado pelos erros cometidos pela esquerda e também pela desconfiança em relação ao posicionamento da direita.

Mas não é certo afirmar que se trata de uma tendência. As ideias liberais estão no ar, no entanto resta saber quem poderá transformá-las em propostas viáveis e consistentes e mostra para sociedade que o estado não é a solução para os problemas e sim a parte principal do mesmo.

Isto pode ser percebido na posição dos pré-candidatos nos quais vários dos concorrentes direitistas do país têm posições que não são exatamente condizentes com o liberalismo, seja na economia e, principalmente, nos costumes e comportamento. Pois, por definição, o liberal em relação ao comportamento se posiciono diferentemente dos conservadores e dos reacionários (os que reagem às mudanças sociais).

Sendo assim, dificilmente o ano de 2018 será o ano dos liberais, mas pode ser o inicio da inserção das ideias pró liberdade à sociedade brasileira que ama e defende o estado mesmo não confiando nos seus governantes. Será um momento histórico, porém de semear e não de colheita.

 

Referências

A ascensão do liberalismo: http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/165/materia/514297/t/a-ascensao-do-liberalismo

Lula tem 34%, Bolsonaro, 17% e Marina, 9%, aponta pesquisa Datafolha para 2018: https://g1.globo.com/politica/noticia/lula-tem-34-bolsonaro-17-e-marina-9-aponta-pesquisa-datafolha-para-2018.ghtml

Presidenciáveis de direita representam várias correntes. E nenhum é 100% liberal: http://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/presidenciaveis-de-direita-representam-varias-correntes-e-nenhum-e-100-liberal-9dnwnr1ouqu9zu6px25x1ud4q

Política: O que é ser esquerda, direita, liberal e conservador? https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/politica-o-que-e-ser-esquerda-direita-liberal-e-conservador.htm?cmpid=copiaecola:

Conservadorismo político explicado em 4 pontos: http://www.politize.com.br/conservadorismo-pensamento-conservador/